Letras Mil Faces de um Homem Leal (Marighella) - Racionais MC's

Mil Faces de um Homem Leal (Marighella)

(Atenção, está no ar a Rádio Libertadora\nAtenção, está no ar a Rádio Libertadora\nAtenção…)\n«Temos presente em nossos estúdios…»\n(Atenção, atenção)\n«…Carlos Marighella»\n«Carlos Marighella»\n«Esta mensagem é para os operários de São Paulo, da Guanabara, Minas Gerais,\nBahia, Pernambuco, Rio Grande do Sul, incluindo os trabalhadores do interior»\n«Para criar um núcleo do Exército de Libertação»\n«Carlos Marighella»\n«O poder pertence ao povo»\n«Carlos Marighella»\n«Nosso lema é unir as forças revolucionárias»\n(De qualquer parte do Brasil, para os patriotas de toda parte)\n«Carlos Marighella»\n«Podem surgir dos bairros, das ruas, dos conjuntos residenciais, das favelas,\nmucambos, malocas e alagados»\n(O dever de todo revolucionário é fazer a revolução)\n«Cada patriota deve saber manejar sua arma de fogo»\n«Carlos Marighella»\n«Aumentar sua resistência física»\n«Carlos Marighella»\n«O principal meio para destruir seus inimigos é aprender a atirar»\n«Carlos Marighella»\n(Carlos Marighella)\n(Atenção, atenção)\nA postos para o seu general\nMil faces de um homem leal, vamo, oi\n(Protetor das multidões)\nTrês encarnações de célebres malandros\nDe cérebros brilhantes, reuniram-se no céu\nO destino de um fiel, se é o céu o que Deus quer\nConsumado, é o que é, assim foi escrito\nUm mártir, um mito, um maldito sonhador\nBandido da minha cor, o novo Messias\nSe o povo dormia ou não, se poucos sabiam ler\nE eu, morrer em vão, leso e louco, sem saber\nCoisas do Brasil, super-herói mulato\nDefensor dos fracos, assaltante nato\nOuçam, é foto e é fato, há planos cruéis\nTramam trinta fariseus contra Moisés, morou? («Marighella»)\nReaja ao revés, seja alvo de inveja, irmão\nEsquinas revelam a sina de um rebelde, ó, meu\nQue ousou lutar, amou a raça\nHonrou a causa que adotou, o aplauso é pra poucos\n(«Carlos Marighella»)\nRevolução no Brasil tem um nome («Marighella»)\nVejam o homem, se querem ser um homem também\nA imagem, o gesto, lutar por amor\nIndigesto como o sequestro do embaixador\nO resto é flor, sem ter festa eu vou e eu peço:\nLeia os meus versos e o protesto é show\nPres’tenção, que o sucesso em excesso é cão\nQuem se habilita a lutar?\nA fome grita, horrível\nA todo ouvido insensível que evita escutar\nAcredita? Luta! Quanto custa lidar?\nCidade em chama, vida que esvai por quem ama\nQuem clama por socorro, quem ouvirá?\nCrianças, velhos e cachorros, sem temor\nClara, meu eterno amor, sara minhas dores\nPra não dizer que eu não falei das flores\nDa Bahia, de São Salvador, Brasil\nCapoeira mata um, mata mil\nPorque me fez hábil como um cão\nSábio como um monge, antirreflexo\nDe longe, homem complexo, sim\nConfesso: queria\nVer Davi matar Golias\nNos trevos e cancelas\nBecos e vielas, guetos e favelas\nQuero ver você trocar de igual\nSubir os degraus, precipícios\nÊ, vida difícil, ô, povo feliz\nQuem samba, fica, quem não samba, camba\nChegou, salve-geral da mansão dos bambas\nNão se faz revolução sem um fura na mão\nSem justiça não há paz, é escravidão\n(«Carlos Marighella»)\nRevolução no Brasil tem um nome («Carlos Marighella»)\nA postos para o seu general\nMil faces de um homem leal, vamo, oi\nMarighella\nEssa noite, em São Paulo, um anjo vai morrer\nPor mim e por você, por ter coragem de dizer\n«Todos nós devemos nos preparar para combater\nÉ o momento de trabalhar pela base, mais e mais pela base\nChamemos os nossos amigos mais dispostos, tenhamos decisão\nMesmo que seja enfrentando a morte\nPorque, para viver com dignidade, para conquistar o poder para o povo\nPara viver em liberdade, construir o socialismo e o progresso\nVale mais a disposição\nCada um deve aprender a lutar em sua defesa pessoal\nAumentar sua resistência física\nSubir ou descer por escarpos e barrancos\nÀ medida que se for organizando a luta revolucionária\nA luta armada, a luta de guerrilha, que já venha com a sua arma»\n(«Atenção, atenção, atenção»)\n«Muito obrigado, Marighella, pela sua participação»\n«Carlos Marighella, Carlos Marighella»