Información de la canción En esta página puedes encontrar la letra de la canción Homem na Estrada, artista - Racionais MC's.
Fecha de emisión: 21.12.2023
Restricciones de edad: 18+
Idioma de la canción: portugués
Homem na Estrada |
Um homem na estrada recomeça sua vida\nSua finalidade: a sua liberdade\nQue foi perdida, subtraída\nE quer provar a si mesmo que realmente mudou\nQue se recuperou\nE quer viver em paz\nNão olhar para trás\nDizer ao crime: nunca mais\nPois sua infância não foi um mar de rosas, não\nNa FEBEM, lembranças dolorosas, então\nSim, ganhar dinheiro, ficar rico, enfim\nMuitos morreram, sim, sonhando alto assim\nMe digam quem é feliz\nQuem não se desespera\nVendo nascer seu filho no berço da miséria?\nUm lugar onde só tinham como atração\nO bar, e o candomblé pra se tomar a benção\nEsse é o palco da história que por mim será contada\nUm homem na estrada\nEquilibrado num barranco incômodo, mal acabado e sujo\nPorém, seu único lar, seu bem e seu refúgio\nUm cheiro horrível de esgoto no quintal\nPor cima ou por baixo, se chover será fatal\nUm pedaço do inferno, aqui é onde eu estou\nAté o IBGE passou aqui e nunca mais voltou\nNumerou os barracos, fez uma pá de perguntas\nLogo depois esqueceram, filho da puta\nAcharam uma mina morta e estuprada\nDeviam estar com muita raiva (mano, quanta paulada!)\nEstava irreconhecível, o rosto desfigurado\nDeu meia noite e o corpo ainda estava lá\nCoberto com lençol, ressecado pelo sol\nJogado, o IML estava só dez horas atrasado\nSim, ganhar dinheiro, ficar rico, enfim\nQuero que meu filho nem se lembre daqui\nTenha uma vida segura\nNão quero que ele cresça\nCom um oitão na cintura e uma PT na cabeça\nE o resto da madrugada sem dormir\nEle pensa o que fazer para sair\nDessa situação, desempregado então\nCom má reputação, viveu na detenção, ninguém confia não\nE a vida desse homem para sempre foi danificada\nUm homem na estrada\nAmanhece mais um dia e tudo é exatamente igual\nCalor insuportável, 28 graus\nFaltou água, já é rotina, monotonia\nNão tem prazo pra voltar, hã, já fazem cinco dias\nSão dez horas, a rua está agitada\nUma ambulância foi chamada com extrema urgência\nLoucura, violência exagerada\nEstourou a própria mãe, estava embriagado\nMas bem antes da ressaca ele foi julgado\nArrastado pela rua o pobre do elemento\nInevitável linchamento, imaginem só\nEle ficou bem feio, não tiveram dó\nOs ricos fazem campanha contra as drogas\nE falam sobre o poder destrutivo delas\nPor outro lado promovem e ganham muito dinheiro\nCom o álcool que é vendido na favela\nEmpapuçado ele sai, vai dar um rolê\nNão acredita no que vê, não daquela maneira\nCrianças, gatos, cachorros disputam palmo a palmo\nSeu café da manhã na lateral da feira\nMolecada sem futuro, eu já consigo ver\nSó vão na escola pra comer, apenas nada mais\nComo é que vão aprender sem incentivo de alguém\nSem orgulho e sem respeito, sem saúde e sem paz\nUm mano meu tava ganhando um dinheiro\nTinha comprado um carro, até ROLEX tinha\nFoi fuzilado a queima roupa no colégio\nAbastecendo a playboyzada de farinha\nFicou famoso, virou notícia\nRendeu dinheiro aos jornais, hum, cartaz à polícia\nVinte anos de idade, alcançou os primeiros lugares\nSuperstar do «Notícias Populares»\nUma semana depois chegou o crack\nGente rica por trás, diretoria\nAqui, periferia, miséria de sobra\nUm salário por dia garante a mão-de-obra\nA clientela tem grana e compra bem\nTudo em casa, costa quente de sócio\nA playboyzada muito louca até os ossos\nVender droga por aqui, grande negócio\nSim, ganhar dinheiro, ficar rico enfim\nQuero um futuro melhor, não quero morrer assim\nNum necrotério qualquer, como indigente, sem nome e sem nada\nUm homem na estrada\nAssaltos na redondeza levantaram suspeitas\nLogo acusaram a favela para variar\nE o boato que corre é que esse homem está\nCom o seu nome lá na lista dos suspeitos\nPregada na parede do bar\nA noite chega e o clima estranho no ar\nE ele sem desconfiar de nada, vai dormir tranquilamente\nMas na calada, caguetaram seus antecedentes\nComo se fosse uma doença incurável, no seu braço a tatuagem: DVC, uma passagem,\n157 na lei\nNo seu lado não tem mais ninguém\nA Justiça Criminal é implacável\nTiram sua liberdade, família e moral\nMesmo longe do sistema carcerário\nTe chamarão para sempre de ex-presidiário\nNão confio na polícia, raça do caralho\nSe eles me acham baleado na calçada\nChutam minha cara e cospem em mim, é\nEu sangraria até a morte, já era, um abraço\nPor isso a minha segurança eu mesmo faço\nÉ madrugada, parece estar tudo normal\nMas esse homem desperta, pressentindo o mal\nMuito cachorro latindo, ele acorda ouvindo\nBarulho de carro e passos no quintal\nA vizinhança está calada e insegura\nPremeditando o final que já conhecem bem\nNa madrugada da favela não existem leis\nTalvez a lei do silêncio, a lei do cão talvez\nVão invadir o seu barraco, «É a polícia!»\nVieram pra arregaçar, cheios de ódio e malícia\nFilhos da puta, comedores de carniça\nJá deram minha sentença e eu nem tava na treta\nNão são poucos e já vieram muito loucos\nMatar na crocodilagem, não vão perder viagem\nQuinze caras lá fora, diversos calibres\nE eu apenas com uma «treze tiros» automática\nSou eu mesmo e eu, meu Deus e o meu Orixá\nNo primeiro barulho, eu vou atirar\nSe eles me pegam, meu filho fica sem ninguém\nÉ o que eles querem: mais um pretinho na FEBEM\nSim, ganhar dinheiro ficar rico enfim\nA gente sonha a vida inteira e só acorda no fim, minha verdade foi outra,\nnão dá mais tempo pra nada (bang bang bang)\n«Homem mulato aparentando entre vinte e cinco e trinta anos é encontrado morto\nna estrada do M’Boi Mirim sem número. Tudo indica ter sido acerto de contas\nentre quadrilhas rivais, segundo a polícia, a vítima tinha vasta ficha criminal. |