Letras de trovoa - Maria Gadú

trovoa (original)

Minha cabeça trovoa
Sob o meu peito eu te trovo e me ajoelho
Destino canções pros teus olhos vermelhos
Flores vermelhas, Vênus, bônus
Tudo que me for possível, ou menos
Mais ou menos
Me entrego, me ofereço
Reverencio a sua beleza
Física também, mas não só, não só
Graças a Deus você existe
Acho que eu teria um troço
Se você dissesse que não tem negócio
Te ergo com as mãos, sorrio mal, mal sorrio
Meus olhos fechados te acossam
Fora de órbita
Descabelada, diva, súbita, súbita
Seja meiga, seja objetiva
Seja faca na manteiga
Pressinto como você chega, ligeira
Vasculhando a minha tralha
Bagunçando a minha cabeça
Metralhando a quinquilharia que carrego comigo
Clipes, grampos, tônicos
Toda dureza incrível do meu coração feita em pedaços
Minha cabeça trovoa
Sob teu peito eu encontro a calmaria e o silêncio
No portão da tua casa no bairro
Famílias assistem TV
(Eu não)
Às oito da noite
Eu fumo um Marlboro na rua
Como todo mundo e como você, eu sei
Quer dizer, eu acho que sei, eu acho que sei
Vou sossegado e assobio
E é porque eu confio em teu carinho
Mesmo que ele venha num tapa
E caminho a pé pelas ruas da Lapa
«Logo cedo, vapor?
Não acredito!»
A fuligem me ofusca
A friagem me cutuca
Nascer do sol visto da Vila Ipojuca
O aço fino da navalha que faz a barba
O aço frio do metrô
O halo fino da tua presença
Sozinha na padoca, em Santa Cecília
No meio da tarde, soluça
Quer dizer, relembra
Batucando com as unhas coloridas
Na borda de um copo de cerveja
Resmunga quando vê
Que ganha chicletes de troco
Lembrando que um dia eu falei
«Sabe, você tá tão chique
Meio freak, anos setenta
Fique
Fica comigo
Se você for embora eu vou virar mendigo
Eu não sirvo pra nada
Não vou ser seu amigo
Fique, fica comigo»
Minha cabeça trovoa
Sob o teu manto eu me entrego
Ao desafio de te dar um beijo
Entender o teu desejo
Me atirar pros teus peitos
Meu amor é imenso
Maior do que penso
É denso
Espessa nuvem de incenso
De perfume intenso
E o simples ato de cheirar-te
Me cheira a arte, me leva a Marte
A qualquer parte, a parte que ativa a química, química
Ignore a mímica e a educação física
Só se abastece de mágica, explode uma garrafa térmica
Por sobre as mesas de fórmica de um salão de cerâmica
Onde soem os cânticos
Convicção monogâmica
Deslocamento atômico
Para um instante único
Em que o poema mais lírico
Se mostre a coisa mais lógica
E se abraçar com força descomunal
Até que os braços queiram arrebentar
Toda a defesa que hoje possa existir
E por acaso queira nos afastar
Esse momento tão pequeno e gentil
E a beleza que ele pode abrigar
Querida, nunca mais se deixe esquecer
Aonde nasce e mora todo o amor

(traducción)

mi cabeza truena
Debajo de mi pecho te trueno y me arrodillo
Canciones de destino para tus ojos rojos
Flores rojas, Venus, bonificación
Todo lo que puedo, o menos
Mas o menos
Me entrego, me ofrezco
Me inclino ante tu belleza
La física también, pero no solo, no solo
Gracias a Dios existes
Creo que tendría algo
Si dijiste que no tienes un negocio
Levanto con las manos, sonrío mal, apenas sonrío
Mis ojos cerrados te persiguen
fuera de órbita
despeinado, diva, repentino, repentino
Se amable, se objetivo
Ser un cuchillo en mantequilla
Siento como llegas, luz
Buscando entre mis cosas
jugando con mi cabeza
Ametrallando la basura que llevo conmigo
Clips, grapas, tónicos
Toda la increíble dureza de mi corazón roto en pedazos
mi cabeza truena
Debajo de tu pecho encuentro la calma y el silencio
En la puerta de tu casa en el barrio
Las familias ven la televisión.
(Yo no)
A las ocho en punto
me fumo un marlboro en la calle
Como todos y como tú, lo sé
Quiero decir, creo que sé, creo que sé
Voy en silencio y silbo
Y es que confío en tu cariño
Aunque venga de bofetada
Y caminando por las calles de Lapa
«¿Mañana, vapor?
¡No creo!"
el hollín me ciega
La frialdad me empuja
Amanecer visto desde Vila Ipojuca
El fino acero de la navaja que hace la barba
El frío acero del metro.
El fino halo de tu presencia
Sola en adoca, en santa cecilia
A media tarde, hipo
quiero decir recordar
Tamborileando con uñas de colores
Al borde de un vaso de cerveza
se queja cuando ve
Quien gana cambio de chicle
Recordando que un día dije
"Sabes, eres tan elegante.
Medio monstruo, setenta
Permanecer
Quedate conmigo
Si te vas, me convertiré en un mendigo.
no soy de utilidad
no seré tu amigo
Quédate, quédate conmigo»
mi cabeza truena
Bajo tu manto me rindo
Al reto de darte un beso
Entiende tu deseo
tirame a tus pechos
mi amor es inmenso
más grande de lo que creo
es denso
Nube espesa de incienso
De intenso perfume
Es el simple acto de olerte
Huele a arte, me lleva a Marte
A cualquier parte, la parte que activa la química, la química
Ignorar el mimo y la educación física.
Solo suministra magia, explota un termo
Encima de las mesas de fórmica de un salón de cerámica
donde suenan los cantos
convicción monógama
desplazamiento atómico
Por un solo instante
Donde el poema más lírico
Mostrar lo más lógico
Y abrázate con tremenda fuerza
Hasta que los brazos quieran reventar
Cada defensa que pueda existir hoy
Y si quieres alejarnos
Este pequeño y amable momento
Y la belleza que puede albergar
Cariño, nunca más te dejes olvidar
Donde todo amor nace y vive